sábado, 23 de junho de 2007

Paradigmas Industriais – Cooperação e Competitividade

O atual desenvolvimento capitalista, caracterizado, de um lado por convergir a uma crescente internacionalização nas várias esferas das atividades da grade empresa e, de outro, por evidenciar e reforçar os benefícios auferidos através das aglomerações setoriais e territoriais de atividades produtivas, evidência a necessidade de reflexão em prol de um debate sobre o desenvolvimento regional.

Obter bons resultados neste novo mercado é preocupação fundamental de pequenos e médios empresários e, objeto de vários estudos setoriais nos ramos das ciências sociais aplicadas.

A ênfase destes estudos recai sobre como a organização dos sistemas contemporâneos de produção afeta os relacionamentos entre as empresas, como o propósito não só de entender a atitude interativa dos sistemas de inovação, mas também a diversidade existente entre os arranjos, que, de uma forma ou de outra, geram a cooperação entre as firmas.

Pequenas e médias empresas (PMe’s), trabalhando isoladamente, dificilmente conseguirão atender a uma grande demanda de mercado.

Contudo, se as PMe’s de determinado nicho de mercado, se organizassem de forma a atuar neste mercado cooperando e trocando experiências entre si, uma nova indústria se formaria, com capacidade de atender maiores demandas de mercado. Fato que ampliaria a lucratividade da coletividade e, com isto os investimentos no setor.

Todavia, esta não é uma idéia nova, pode-se encontrar estudos onde retoma-se à análise de Alfred Marshall dos distritos industriais na Grã-Bretanha em seus Princípios de Economia (1890).

Marshall (1920) destacou as economias que “frequentemente podem estar adquiridas pela concentração de muitos pequenos negócios, de caráter similar, em localidades determinadas”.

Este autor refere a tais ganhos como “economias externas” e os vê como particularmente relevantes para as pequenas firmas, em sua definição sobre economias internas e externas, deixando suficientemente claro que os conceitos de economias externas não estão amarrados à proximidade geográfica.

Os Arranjos Produtivos Locais (APL’s), formados por PMe’s, existe uma cooperação entre ambas, porém não deixa de lado a competição entre elas, sendo que mesmo dentro de tal coletividade, é importante não se esperar uma ilha de unidade e solidariedade, pois o processo interno de uma APL se dá com empresas que crescem e decrescem.

Ao entendermos melhor o processo de uma APL, podemos destacar dois problemas comuns existentes em sua formação, que diz respeito à competitividade vertical e competitividade horizontal.

Na vertical, as firmas compram produtos e serviços através do mercado normal, cada empresa por si própria, sendo que neste ponto pode-se ir da exploração pelo mercado à colaboração estratégica entre as PME`s.

Já na horizontal, podemos observar maiores conflitos, pois os produtores competem freqüentemente por encomendas. Observando entes dois conflitos básicos, podemos observar que, ao formarem-se APL`s, não há ausência de competição, mas sim uma colaboração entre firmas para que assim possam buscar atender demandas externas, diminuindo o espaço geográfico entre o mercado externo e produtores de pequeno porte, conforme Segemberger e Pyke (1991), “o problema de muitos pequenos produtores, não é seu tamanho, mas estarem isolados”. Essa distância entre o produtor e mercado externo é o ponto que as APL`s procuram diminuir.

APL`s são caracterizados pelas fronteiras entre firmas serem frequentemente flexíveis, a relação entre elas é caracterizada tanto pela competição quanto pela cooperação, confiança e reciprocidade, cooperação inter-firmas; competição interfirmas determinada pela inovação; troca de informações baseada na confiança socialmente construída; organizações de apoio ativas na oferta de serviços; e parceria estreita com o setor público local.

Na formação e continuidade sustentável de uma APL`s, iniciou-se uma preocupação substancial sobre a participação do governo, principalmente na fase “incubadora”, pois via-se a necessidade de investimentos iniciais em tecnologias, capacitação profissional, facilidades a crédito, incentivos fiscais para as pequenas empresas, organização de eventos comerciais para que haja incentivo em produzir, lembrando que as feiras comerciais possuem um efeito catalisador, uma vez que um produtor recebeu uma encomenda, os outros produtores se esforçaram mais para conseguirem uma maior inserção no mercado e com isso incentivando também novas idéias de como produzir, basicamente um efeito multiplicador na economia local.

Voltando para o nosso país e já ousando uma visão microeconômica, citando o Estado de Goiás, podemos observar que, o crescimento da economia seria melhor e com maior rapidez através de PMEs, porém o nosso incentivo interno ainda está a quem do almejado, dentre as várias dificuldades dos nossos pequenos produtores podemos citar a falta de informação, a dificuldade no acesso a novas tecnologias, a grande carga tributária, e o grande número de empresas em situações irregulares por diversos motivos.

Podemos observar que existe uma grande necessidade de investimentos e ao mesmo tempo reformulações industriais, porque apenas com os pequenos produtores industriais, através de APL`s bem formadas e equipadas com alta qualidade de TIs (tecnologia de informação), cooperação e competição adequada poderíamos incentivar os pequenos centros.

Tudo isso é possível se fizermos com que a economia local desenvolva, deixando condições suficientes para as PMEs sobreviverem e terem espaço no mercado externo, através da unidade entre vários PMEs, basicamente incentivando o efeito multiplicador, consequentemente aquecendo a economia e desencadeando um crescimento econômico a partir de muitos pequenos negócios de caráter similar em localidades particulares denominados APL`s.

Autor Renato Alberto Pires Lopes - Orientador: Inimá Índio do Brasil Júnior

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