sexta-feira, 22 de junho de 2007

Dilemas do Capitalismo Brasileiro: Qual o caminho percorrer entre a nação e a barbárie?

Desde o descobrimento do Brasil pela Coroa Lusitana, o país sempre foi visto como uma empresa mercantil pelos Donos do Poder, os quais carreavam o excedente gerado no país para os principais centros do capitalismo mundial sufocando, portanto o dinamismo do processo de acumulação de capital que foi responsável, no caso das nações desenvolvidas, pela constituição dos alicerces de uma nação enraizada em uma homogeneidade econômica e social.

Neste sentido, a formação econômica e social brasileira foi tecida e construída, ao longo dos Ciclos do Pau Brasil, Açúcar, Ouro, Borracha e Café, em uma estrutura heterogênea que se esgarçou ainda mais com a penetração do progresso técnico proporcionado pela industrialização que se materializou no Brasil a partir da crise do final dos anos 20 do século XX.

No entanto, esta estrutura econômica e social foi condicionada pelo pacto de poder político conservador que foi tecido e enraizado pelos Donos do Poder nos centros de decisões do Estado Nacional, os quais foram responsáveis por ditar o rumo e o ritmo do desenvolvimento econômico e social do Brasil. Neste sentido, mesmo apresentando tensões e divergências intestinas na esfera política, os representantes conservadores da elite nacional atravessaram os séculos da história brasileira sem causar profundas transformações no arranjo político.

Mesmo em momentos de tesão entre as classes sociais, como o exemplo de 1930, quando houve uma Revolução Burguesa Nacional, ainda assim, os pactos tecidos na esfera política cristalizaram uma sociedade que se moldou em uma modernização conservadora, ou seja, modernizou economicamente, mas o poder de decisão político manteve-se entre segmentos conservadores da burguesia nascente e antigos proprietários rurais.

Por sua vez, a construção e desenho do capitalismo brasileiro que nasceu do parto da Revolução Burguesa criaram um sistema econômico que ficou marcado por relações de dependência entre a burguesia internacional e a burguesia nacional, a qual não teve forças econômicas suficientes para comandar autonomamente o seu projeto de nação.

Logo, a sociedade nascida deste arranjo político entre as burguesias nacional e internacional cristalizou um capitalismo dependente, o qual foi marcado pela construção de uma sociedade autocrática, na qual somente uma partícula de segmentos sociais dominantes concentrou parcela significativa da renda e patrimônio criados por milhões de brasileiros.

Desta forma, o processo de modernização da economia brasileira que aconteceu pela introdução do progresso técnico, o qual foi difundido a partir dos principais centros do capitalismo mundial, ampliou ainda mais as diferenças estruturais da economia brasileira, aprofundando, assim, o subdesenvolvimento nacional. Este subdesenvolvimento amplificou o fosso que existia entre os setores econômicos; entre as regiões brasileiras e entre as classes sociais favorecendo, deste modo, para a materialização de uma sociedade crivada por fortes heterogeneidades em sua estrutura econômica e social.

É no bojo deste capitalismo dependente que os Donos do Poder ampliaram a exploração dos trabalhadores para expandirem o seu excedente econômico, o qual era compartilhado com a burguesia internacional. Isto aconteceu, porque a burguesia nacional não teve forças e capitais suficientes para construir um projeto hegemônico de nação dependendo, assim, dos capitais internacionais para avançar em seu processo de modernização conservadora da sociedade e economia nacional.

Logo, parcelas crescentes de trabalhadores e pequenos produtores rurais foram lançados para a marginalidade do sistema econômico brasileiro em decorrência do fracasso da burguesia nacional em promover uma revolução burguesa clássica que a libertasse dos grilhões que lhe prendiam ao pacto conservador tecido e orquestrado no interior do Estado Nacional. Deste modo, estes trabalhadores e proprietários rurais que foram desapropriados do seu meio de produção e foram viver como rebotalhos nas periferias dos principais centros urbanos do Brasil.

Todavia, no pólo oposto da pirâmide social, encontra-se uma minoria que cada vez mais se delicia dos prazeres proporcionados pelo capitalismo dependente, pois conseguiram se inserir no padrão de consumo dos países centrais usufruindo, deste modo, dos prazeres proporcionados pelos mercados criados nas sociedades capitalistas avançadas.

Entretanto, o esgarçamento do tecido social tornou-se mais acentuado no Brasil, a partir dos anos 90 do século XX, quando os Donos do Poder desenharam uma estratégia de inserção da economia nacional no capitalismo mundial alegando que o Brasil não poderia excluir-se das maravilhas proporcionadas pela globalização dos mercados produtivos e financeiros.

Não obstante, esta estratégia de internacionalização da economia brasileira acabou ampliando o fosso existente entre as classes sociais e lançando uma grande massa de trabalhadores para a margem do sistema econômico, ao passo que uma pequena minoria continua internacionalizada e tendo acesso os principais centros de consumo do capitalismo mundial. Por tudo isto, o projeto de construção de um projeto de nação por mais uma vez foi adiado pelos Donos do Poder, mas cada dia percebe-se que o país caminha rumo à barbárie, pois poucos são donos de muito e muitos são dono de muito pouco.

Prof. Murilo José de Souza Pires - Coordenador do Curso de Ciências Econômicas.

Um comentário:

Edilson Aguiais disse...

Poxa, o Murilo é msm o CARA.


Parabens.